Pérolas de Sabedoria

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

A PERDA

Descobrimos a relação profunda entre a vida e a morte quando alguém que era a razão, ou uma das razões, de nossa vida se vai embora.

Não há palavras para expressá-lo. Não há livro que o descreva. Por isso, o melhor jeito de consolar é falar pouco, sentir junto e estar presente, cada um do jeito que sabe.
Palavras não explicam a morte de alguém querido. Sabem disso o pai, a mãe, os filhos, os irmãos, o namorado e a namorada, o marido e a mulher, amigos de verdade.
Quando o outro morre, parte do mistério da vida vai com ele. A parte que fica torna-se ainda mais intrigante.
Para onde foi? Será que me ouve? Vamos voltar a ver-mo-nos? Como será o reencontro?Acabou-se para sempre, ou ela apenas foi antes?Porquê agora? Porquê desse jeito?
As perguntas insistem em aparecer e as respostas não aparecem claras.
Dói, dói, dói e dói...

Então a gente tenta assimilar o que não se explica. Cada um do jeito que sabe.
Há o que bebe, o que fuma, o que grita, o que abandona tudo, o que chora silencioso num canto, o que mergulha no fatalismo e o que, mesmo sem entender ou crer, aposta na fé.
Um dia nos veremos de novo... enquanto este dia não chegar, entes que eu amo sei que me ouvem e olham por mim. Para eles a vida tem, agora, uma outra dimensão. Alcançaram o definitivo.
Quem fica perguntando e sofrendo somos nós. Mas como a vida é um riacho que logicamente desagua, a nossa vez também chegará.
Quem ama de verdade não crê que se acabou. A vida é uma só: começa aqui no tempo e continua, depois, na ausência de tempo e de limite. Quando amamos alguém, esse alguém torna-se eterno.

Existe uma frase que tenho gravada: " Eu só vou morrer no dia em que me esqueceres"